De tributos clássicos a originais destemidos, o novo álbum da cantora e compositora é um retrato abrangente da complexidade feminina, enraizada no Brasil e indo muito além.
Com Todas Elas (Deluxe), Vanessa da Mata entrega um dos discos mais conceitualmente unificados e emocionalmente expansivos de sua carreira. Lançado digitalmente pela ONErpm, o projeto expande o álbum original de 11 faixas com uma nova e emocionante versão do clássico de Gal Costa de 1984, "Nada Mais" — a adaptação em português de "Lately", de Stevie Wonder, traduzida por Ronaldo Bastos. A interpretação de Vanessa não é apenas uma referência a uma de suas inspirações de longa data, mas um poderoso tributo à influência de Gal na linhagem moderna da música brasileira. Sua decisão de incluí-la foi confirmada quando um vídeo espontâneo de bastidores dela cantando a música viralizou durante a gravação de "Altas Horas", reacendendo o interesse do público.
Criação colaborativa profundamente pessoal
Descrito por Vanessa como um disco que poderia "contar a história de muitas mulheres", Todas Elas atravessa picos emocionais e revelações silenciosas. Com contribuições de João Gomes, Jota.pê e do visionário do jazz Robert Glasper, o álbum abrange uma gama de texturas sonoras — do reggae e do samba jazz ao indie soul e ao pop brasileiro. A produção é liderada pela própria Vanessa, com arranjos construídos em colaboração criativa com sua banda de longa data. O resultado é uma declaração profundamente pessoal e musicalmente rica de identidade, memória e liberdade artística.
Ao longo do álbum, Vanessa explora a feminilidade em sua forma plural: como desejo, rebelião, contradição, resiliência e alegria. Em " Maria Sem Vergonha ", ela se opõe às normas sociais que limitam a expressão feminina. "Demorou" revela a clareza emocional de uma mulher confortável com a impermanência, enquanto "Esperança" canaliza a força silenciosa que vem com a maturidade conquistada com muito esforço. Em " Eu Te Apoio em Sua Fé ", ela aborda diretamente a intolerância religiosa, trazendo peso crítico ao alcance lírico do projeto.
Entrelaçado com poesia de Viviane Mosé, o álbum apresenta Vanessa da Mata como uma artista multidimensional — uma cantora, escritora e pensadora em pleno domínio de sua arte. Sua voz é inconfundivelmente sua, mas carrega multidões. Como Mosé escreve, o disco é como uma boneca russa: cada música contém uma nova mulher, outra perspectiva, uma força diferente.
Todas Elas (Deluxe) não é apenas um álbum — é uma declaração de continuidade cultural e soberania pessoal. E a cada faixa, Vanessa da Mata reafirma por que continua sendo uma das vozes mais vitais e transformadoras do Brasil .
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